Com elevado rendimento de massa verde e boa qualidade nutricional, o capiaçu se tornou uma excelente opção para a produção de silagem
O capiaçu (Pennisetum purpureum cv. BRS Capiaçu) vem ganhando cada vez mais espaço na pecuária brasileira. Essa planta é uma variedade de capim-elefante desenvolvida pela Embrapa, especialmente para a produção de volumoso de alta produtividade. Com elevado rendimento de massa verde e boa qualidade nutricional, o capiaçu se tornou uma excelente opção para a produção de silagem, principalmente para pequenos e médios produtores que precisam garantir alimento de qualidade durante a seca.
Origem e características do capiaçu
O capiaçu é uma variedade selecionada para oferecer uma alta produção de biomassa, chegando a produzir até 50 a 60 toneladas de matéria seca por hectare ou cerca de 300 t de matéria verde, em três cortes anuais bem manejados. Além disso, ele apresenta crescimento vigoroso, altura elevada (podendo ultrapassar 4 metros) e maior densidade de touceira em comparação ao capim-elefante convencional.
Uma das grandes vantagens do capiaçu é sua rusticidade: ele se adapta bem a diferentes condições de solo e clima, sendo ideal para sistemas de produção de leite e corte em regiões tropicais e subtropicais do Brasil.
Formas de utilização
O capiaçu pode ser utilizado de três formas principais:
- Pastejo rotacionado: embora possível, o manejo exige cortes de rebaixamento para manter o pasto viável para consumo direto.
- Forragem fresca picada: bastante comum em propriedades leiteiras, onde o capim é cortado e fornecido verde, no cocho.
- Silagem: sua principal indicação, garantindo conservação do alimento por longos períodos, com menor perda de nutrientes.
Entre essas formas, a silagem se destaca pela praticidade e pelo aproveitamento máximo do volume produzido, especialmente em propriedades que enfrentam estiagens prolongadas.
Embora o capiaçu tenha boa qualidade nutricional quando jovem, à medida que cresce, ele acumula muita fibra e perde valor nutritivo. A silagem, feita no ponto correto de corte (em torno de 2,5 a 3 metros de altura), permite aproveitar a planta com melhor equilíbrio entre produção e qualidade, preservando nutrientes importantes como energia e proteína.
Além disso, a silagem de capiaçu é uma solução estratégica para:
- Reduzir custos com alimentação na seca;
- Garantir oferta regular de volumoso o ano todo;
- Facilitar o manejo da alimentação do rebanho, principalmente em sistemas intensivos.
Outro ponto importante é que a ensilagem melhora a conservação do capim, minimizando perdas de matéria seca e qualidade em relação à forragem fresca.
Pode ser usada para gado de corte e leite?
Sim! A silagem de capiaçu pode ser utilizada tanto para gado de corte quanto para gado de leite.
Para gado de corte, principalmente nas fases de recria e terminação, ela é uma ótima fonte de volumoso barato, sendo associada a suplementos concentrados para atingir ganhos de peso satisfatórios.
No gado de leite, o uso precisa ser mais criterioso, pois a qualidade nutricional da silagem de capiaçu, embora boa, não é tão alta quanto a de outras forrageiras mais digestíveis (como o milho). Por isso, seu uso é mais indicado para vacas:
- De baixa a média produção (até cerca de 15-18 litros/dia);
- Novilhas em crescimento;
- Vacas secas, em preparação para a próxima lactação.
Em vacas de alta produção (acima de 20 litros/dia), a silagem de capiaçu pode ser utilizada, mas sempre com suplementação energética adequada (ração balanceada), para que não haja queda na produção de leite.
A silagem de capiaçu é uma boa opção para quem busca eficiência alimentar e redução de custos na pecuária. Com bom manejo, ela atende tanto a sistemas de corte quanto de leite, especialmente em categorias animais que não exigem volumosos de altíssima qualidade.
O segredo está em saber o momento certo de corte, caprichar na ensilagem e balancear a dieta dos animais de acordo com suas necessidades. Assim, o capiaçu deixa de ser apenas um capim de alta produção e se torna um verdadeiro aliado na sustentabilidade e na produtividade da fazenda.
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Autor:
Eduarda Viana
Zootecnista
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