Mais do que produzir volume, o produtor moderno precisa pensar em qualidade e valorização do produto final

A produção de sólidos no leite — especialmente gordura e proteína — tem ganhado cada vez mais atenção entre os produtores e laticínios. Isso porque, além de estar diretamente relacionada à qualidade do leite, ela influencia na rentabilidade, já que muitos pagamentos hoje são feitos com base no volume e na composição do leite.

Ao contrário da produção de volume, o aumento dos sólidos requer um olhar mais detalhado sobre genética, nutrição, saúde e manejo. A seguir, destacamos as principais estratégias para elevar a concentração de sólidos e tornar o leite mais valorizado.

Seleção genética: o potencial começa no DNA

A base para uma boa produção de sólidos começa na genética dos animais. Algumas raças e linhagens são naturalmente mais produtivas em termos de gordura e proteína.

Raças como Jersey e Pardo Suíço apresentam maiores teores de sólidos comparadas à Holandesa, que produz maior volume, mas com menor concentração.

Dentro da mesma raça, é possível selecionar touros com mérito genético para sólidos, disponíveis nos catálogos de inseminação.

A genômica e o uso de índices econômicos também auxiliam na escolha de vacas e touros com melhor perfil para sólidos.

 Nutrição equilibrada: a chave para a síntese de gordura e proteína

A dieta da vaca leiteira tem impacto direto na composição do leite. Ajustes nutricionais bem planejados aumentam a síntese de sólidos, principalmente a gordura, que é altamente influenciada pela fermentação ruminal.

Pontos-chave da nutrição:

  • Energia adequada: dietas com baixo teor energético reduzem a produção de gordura e proteína. A inclusão de fontes de energia não fibrosas deve ser feita com cautela, evitando acidose.
  • Fibra efetiva: é essencial para manter o pH ruminal e favorecer a produção de ácido acético, precursor da gordura do leite. Forragens de qualidade e fibra de tamanho correto favorecem a ruminação e produção de sólidos.
  • Lipídios na dieta: a inclusão de gordura protegida ou fontes como óleo e gordura bypass pode elevar o teor de gordura do leite, mas deve ser feita sob orientação técnica.
  • Proteína degradável no rúmen (PDR) e proteína não degradável (PNDR): o balanço correto favorece a produção de proteína microbiana e melhora o teor de proteína no leite.

Sanidade: vacas saudáveis produzem leite com mais qualidade

Doenças subclínicas, principalmente mastite subclínica e cetose, podem afetar a síntese de sólidos.

A mastite subclínica afeta a integridade da glândula mamária e reduz os teores de gordura e proteína. Já a cetose subclínica, comum em vacas no início da lactação, altera o metabolismo energético e pode comprometer a síntese de lactose e gordura.

Manter o rebanho com boa condição corporal, plano sanitário atualizado e controle de doenças metabólicas é essencial para garantir um leite mais rico em sólidos.

Manejo e conforto: fatores que afetam a produtividade e composição

O bem-estar animal influencia diretamente o metabolismo e a produtividade. Estresse térmico, má qualidade da cama, acesso limitado à alimentação e água, ou sobrelotação reduzem a ingestão de matéria seca e afetam o funcionamento do rúmen.

Estratégias como:

Ambientes ventilados e sombreados

Espaço adequado no cocho

Rotina alimentar consistente

Disponibilidade constante de água limpa

…são essenciais para garantir que a vaca expresse todo seu potencial genético e nutricional, inclusive na produção de sólidos.

Monitoramento e ajustes constantes

Não existe uma fórmula única. O que funciona para um sistema pode não ser eficiente em outro. Por isso, é fundamental monitorar os dados da fazenda:

Análises individuais de leite 

Controle leiteiro mensal com teores de gordura e proteína

Avaliação do escore corporal

Análises de dieta e cocho

Com essas informações, é possível fazer ajustes finos que impactam positivamente na composição do leite.

Aumentar os sólidos do leite é uma estratégia técnica e econômica inteligente. Mais do que produzir volume, o produtor moderno precisa pensar em qualidade e valorização do produto final. Com genética adequada, nutrição balanceada, sanidade em dia e manejo eficiente, é possível obter um leite mais rico, valorizado e competitivo no mercado.

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Autor:

Eduarda Viana

Zootecnista

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