O ganho compensatório pode ser uma resposta biológica útil em situações pontuais, mas não deve ser encarado como estratégia principal de manejo
Na tentativa de reduzir custos ou lidar com períodos de escassez alimentar, muitos produtores recorrem a estratégias que envolvem restrição nutricional temporária. A ideia é que, mais à frente, os animais recuperem o tempo perdido por meio do chamado ganho compensatório — um crescimento acelerado que ocorreria assim que a alimentação for restabelecida.
Mas será que essa compensação realmente funciona como o esperado?
Será que o animal recupera tudo que perdeu — e com a mesma qualidade?
Antes de confiar nessa resposta biológica como solução de manejo, é fundamental entender como ela funciona, quando de fato acontece e quais riscos estão envolvidos.
Um mecanismo de sobrevivência — não um plano de produção
O ganho compensatório é uma resposta fisiológica que permite aos bovinos acelerar o crescimento após um período de restrição alimentar. Durante a escassez, o organismo prioriza funções vitais, desacelera o desenvolvimento corporal e reduz até mesmo o tamanho de órgãos internos, numa tentativa de economizar energia.
Quando a dieta volta a ser adequada, os sistemas metabólicos se reorganizam para retomar o crescimento. Esse retorno, em alguns casos, pode ocorrer em ritmo mais acelerado do que o normal. Mas esse “salto” não se dá apenas no tecido muscular — ele envolve também a recuperação dos órgãos e estruturas corporais que haviam sido comprometidos no período anterior.
Ou seja: o que vemos como “ganho de peso” pode estar, em parte, mascarando uma simples recomposição da estrutura corporal — e não um real avanço produtivo.

Os riscos por trás da aparente vantagem
Embora o fenômeno tenha fundamento fisiológico, ele não é garantido nem isento de efeitos colaterais.
- Sobrecarga metabólica: a retomada rápida de crescimento exige muito do organismo. Isso pode gerar problemas digestivos, acúmulo de gordura no fígado, acidose ruminal e outros distúrbios metabólicos.
- Deposição de gordura indesejada: a recuperação pode vir com aumento na gordura subcutânea, o que afeta a qualidade da carcaça e pode comprometer características desejáveis como a marmorização ou o rendimento de cortes nobres.
- Crescimento ósseo prejudicado: em animais jovens, a restrição nutricional pode interferir no desenvolvimento do sistema esquelético. Mesmo com o crescimento posterior, nem sempre é possível recuperar a estrutura óssea, o que favorece problemas locomotores.
Quando o problema aparece no desempenho
Imagine um lote de novilhos em recria que, durante a seca, recebeu alimentação abaixo do ideal. Ao início das águas, os animais recebem forragem abundante, mas a expectativa de recuperação total não se cumpre: o peso final do lote fica aquém da meta e o abate precisa ser adiado.
Nesse cenário, o produtor não apenas atrasou o ciclo, como precisou gastar mais tempo e recursos para alcançar um resultado que poderia ter sido melhor com um planejamento nutricional preventivo.
Conclusão: a verdadeira vantagem está na consistência!
O ganho compensatório pode ser uma resposta biológica útil em situações pontuais, mas não deve ser encarado como estratégia principal de manejo.
A melhor forma de garantir bom desempenho é evitar ao máximo as restrições severas, adotando práticas de nutrição contínua, monitoramento do desempenho e transições bem planejadas entre fases e dietas.
O manejo inteligente e o uso de dados são as ferramentas mais seguras para manter a produtividade, a saúde dos animais e a qualidade da carne ao longo de todo o ciclo.
Quer tomar decisões nutricionais mais seguras e evitar perdas no desempenho do seu rebanho?
Conheça o Esteio Gestão e veja como transformar informações em produtividade — com saúde e constância do começo ao fim.
Deseja receber e ler conteúdos exclusivos como esse em primeira mão?
Participe do nosso grupo de WhatsApp do Esteio Gestão.
Clique aqui e abra a porteira do conhecimento!
Ao clicar no link para ingressar em nosso grupo de WhatsApp, você está concordando em compartilhar seu contato para fins exclusivos de comunicação relacionada ao grupo, conforme autorizado pela Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018). Seu número será tratado com segurança e privacidade, em total conformidade com a legislação.
Autor:

Eduarda Viana
Zootecnista
Ficou curioso e quer aprender mais sobre pecuária?
Leia mais em: https://esteiogestao.com.br/blog/
Use um sistema que te permite acessar as informações a qualquer momento e em qualquer lugar.
Você é produtor e quer gerenciar o seu negócio de forma prática e rápida? Conheça as nossas soluções agropecuárias em: https://esteiogestao.com.br/produtos-servicos
Nos acompanhe nas redes sociais e fique por dentro de todas as novidades.