As plantas tóxicas representam um risco real e evitável para a pecuária
Em muitas propriedades, as perdas de produtividade, mortes de animais e gastos inesperados com tratamento veterinário têm uma causa invisível — ou melhor, ignorada: as plantas tóxicas.
Elas crescem entre o capim, se misturam ao pasto e, quando consumidas, provocam intoxicações graves, queda de desempenho e até morte do gado. O problema é mais comum do que parece e, muitas vezes, é descoberto tarde demais.
A boa notícia? Com manejo adequado, identificação e gestão preventiva, é possível evitar prejuízos sérios com plantas tóxicas.
Por que as plantas tóxicas representam risco?
As plantas tóxicas são aquelas que produzem substâncias químicas capazes de causar intoxicações agudas ou crônicas nos animais. Esses compostos, conhecidos como princípios ativos tóxicos, podem afetar o sistema nervoso, digestivo, respiratório, renal ou até mesmo causar fotossensibilização.
O maior problema é que muitos bovinos, especialmente em períodos de escassez de pastagem, consomem essas plantas por falta de opção ou curiosidade, sendo levados à intoxicação.
Sintomas comuns de intoxicação por plantas:
- Salivação excessiva
- Diarreia
- Dificuldade de locomoção
- Tremores musculares ou convulsões
- Fotossensibilização (áreas da pele ficam feridas, principalmente em animais com pelagem clara)
- Abortos ou queda de produção de leite
Exemplos de plantas tóxicas comuns no Brasil:
- Erva-de-rato (Crotalaria spp.): tóxica para o fígado e causa lesões pulmonares e neurológicas.
- Leucena (Leucaena leucocephala): se consumida em excesso, pode causar queda de desempenho reprodutivo.
- Cafezinho-do-mato (Palicourea marcgravii): uma das principais causas de morte súbita em bovinos.
- Samambaia (Pteridium aquilinum): tem efeito acumulativo e pode provocar câncer e hemorragias.
- Ipomeia (Ipomoea spp.): provoca distúrbios neurológicos progressivos.
Impactos econômicos:
Além das perdas por morte, há também gastos com tratamentos, queda de desempenho, descarte precoce de animais e risco de condenação de carcaças no abate.
Em propriedades com pastagens mal manejadas, esse problema se repete ano após ano, sem que o produtor perceba a real origem das perdas.
O que fazer para prevenir?
- Monitoramento das pastagens: identifique e remova manualmente plantas suspeitas, especialmente em áreas de baixa lotação ou sombra.
- Reposição adequada de forragem: mantenha o pasto em boas condições mesmo na seca, evitando que o gado busque outras fontes de alimento.
- Capacitação da equipe: trabalhadores devem ser treinados para reconhecer sinais de intoxicação e agir rapidamente.
- Consultoria técnica: contar com agrônomos e zootecnistas na avaliação das áreas é essencial para garantir segurança e produtividade.
As plantas tóxicas representam um risco real e evitável para a pecuária. Prevenção, manejo correto e atenção ao comportamento dos animais são os melhores caminhos para evitar prejuízos e garantir a segurança do rebanho.
A boa gestão começa no campo — e um olhar atento para o pasto pode salvar vidas e economizar recursos.
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Autor:
Eduarda Viana
Zootecnista
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