O período de transição compreende o período entre as três semanas anteriores ao parto até as três semanas posteriores ao parto.

Esse é um período extremamente desafiador para as vacas, pois elas estão passando de uma baixa exigência metabólica, para uma alta exigência nutricional necessária ao parto, à produção de colostro e à produção de leite. Além disso, o trato reprodutivo ocupa o maior espaço na cavidade abdominal, limitando o espaço físico para o consumo de alimentos. Assim, as exigências de energia e proteína não são plenamente atendidas, fazendo com que no início da lactação, o animal precise mobilizar suas reservas corporais, caracterizando o que chamamos de balanço energético negativo (BEN) e balanço protéico negativo. O BEN se inicia poucos dias antes do parto e se agrava no pós-parto. Além disso, no momento do parto o animal necessita de uma alta demanda de cálcio para manter a homeostasia. Sendo assim, alguns manejos durante o período pré-parto são cruciais para evitar distúrbios metabólicos decorrentes dos desafios enfrentados no período de transição.

Durante a fase final da gestação, o crescimento fetal promove o aumento da pressão interna, reduzindo o espaço ruminal e reticular, reduzindo o consumo de matéria seca em até 30%. Vacas de alta produção possuem alta demanda de nutrientes, principalmente energia e proteína, para sustentar a síntese do leite e tendem a manter em balanço energético negativo mais acentuadamente nas três primeiras semanas após o parto. Com isso, a vaca mobiliza proteína muscular, cálcio dos ossos e energia a partir das reservas corporais, acumulando ácidos graxos não esterificados (AGNE) na circulação sanguínea e no fígado, podendo ocasionar em distúrbios metabólicos.

A intensa mobilização lipídica, isto é, o catabolismo de gorduras, aumenta a captação de AGNE pelo fígado, onde podem ser oxidados para a produção de energia e, além de outros metabolismos, os AGNE podem não completar sua oxidação se tornando corpos cetônicos. A elevada produção de corpos cetônicos com o objetivo de compensar o déficit energético pode levar ao acúmulo desses compostos no organismo ocasionando um distúrbio metabólico chamado de Cetose, sinalizados clinicamente pelo odor de acetona no hálito e na urina, perda de apetite, rápida diminuição de Escore de Condição Corporal e, principalmente a redução de 1 a 4 kg de leite por dia. A cetose ocorre especialmente em vacas que apresentam elevados escores de condição corporal ao parto, uma vez que animais com altos ECC têm maiores perdas de peso no pós-parto pela intensa mobilização corporal. 

Além disso, a baixa disponibilidade de energia durante o BEN suprime a secreção pulsátil de LH e sua sensibilidade ovariana, impedindo a ocorrência de ovulação.

Algumas medidas podem ser adotadas para avaliar a intensidade do BEN, tais como:

  • Avaliação e acompanhamento de Escore de Condição Corporal (ECC) – Recomenda-se que maiores alterações sejam feitas com a vaca ainda em lactação, deixando o foco nutricional do pré-parto para manter o ECC, com correção máxima de 0,5 pontos, mesmo que a vaca esteja muito gorda ou muito magra. O ECC ideal no início do período seco e no momento do parto deve ser igual  a 3,00 com intervalo sugerido entre 2,75 a 3,25.
  • Monitoramento de concentrações séricas de metabólitos nas vacas: B-Hidroxibutirato, Glicose e AGNE. Atualmente é possível monitorar o BEN pela concentração de B-Hidroxibutirato no terceiro, sétimo e décimo segundo dia após o parto, coletando uma amostra de sangue da ponta do rabo ou pela veia caudal, utilizando medidores e fitas próprias para este fim.

Ademais, a baixa concentração de cálcio ionizável no sangue pode ocasionar a hipocalcemia, também conhecida como febre do leite ou paresia puerperal, responsável por complicações secundárias, como mastite, retenção de placenta, metrite e deslocamento de abomaso. Antes do parto, as exigências de cálcio são muito baixas comparadas ao exigido no momento do parto, fazendo com que, neste momento, os mecanismos de mobilização desse mineral de origem endógena não estejam ativados. A quantidade necessária para a produção de colostro é aproximadamente 9 vezes superior à quantidade disponível no plasma de vacas leiteiras. 

Principais estratégias a serem adotadas no período pré-parto (21 dias antes do parto) para evitar ou atenuar os distúrbios metabólicos

  • Aumentar a densidade energética da dieta, com possível suplementação de ácidos graxos insaturados e fontes de gordura protegida;
  • Dietas acidogências (aniônicas) – deslocar o balanço da dieta para uma dieta aniônica, isto é, reter mais H+, resultando em leve acidose metabólica a fim de promover maior atividade do PTH. Baixas concentrações de cálcio estimulam a liberação do hormônio PTH, responsável por promover a absorção intestinal e reabsorção renal de cálcio e também a mobilização de cálcio dos ossos.;
  • Adequadas quantidades de fibra efetiva oriunda de forragem, em torno de 25%

 a 28%, priorizando como volumosos as gramíneas, de baixas concentrações de Ca e K+, como a silagem de milho.

Como o Esteio pode te ajudar?

Com o Esteio, além de ter a informação e lembretes com a data prevista para o parto, você possui, também, a data em que os animais devem ser enviados para o pré-parto e, assim, receberem a dieta e os cuidados necessários, além do monitoramento do Escore de Condição Corporal das vacas.

Ficou curioso e quer aprender mais sobre pecuária?
Leia mais em: https://esteiogestao.com.br/blog/

Use um sistema que te permite acessar as informações a qualquer momento e em qualquer lugar.

Você é produtor e quer gerenciar o seu negócio de forma prática e rápida? Conheça as nossas soluções agropecuárias em: https://esteiogestao.com.br/produtos-servicos

Autor:

Sabrina Baltazar – Equipe Esteio

Nos acompanhe nas redes sociais e fique por dentro de todas as novidades.

Deixe um Comentário