O bem-estar animal não é apenas uma questão ética, mas um investimento estratégico para a pecuária de corte e leite
O bem-estar animal é um dos pilares fundamentais para o sucesso na pecuária moderna, seja de corte ou de leite. Além de atender às demandas éticas e de mercado, garantir condições adequadas para o rebanho está diretamente relacionado ao desempenho produtivo e reprodutivo dos animais.
Ele é definido por cinco liberdades essenciais: ausência de fome e sede, conforto físico, saúde, liberdade de expressar comportamentos naturais e ausência de medo e estresse. Quando essas condições são atendidas, o rebanho apresenta maior eficiência metabólica, redução de problemas de saúde e melhores índices produtivos.
Em bovinos de leite, por exemplo, situações de estresse, como calor excessivo ou manejo inadequado, podem levar à redução da ingestão de matéria seca, afetando diretamente a produção de leite. Além disso, o cortisol elevado, decorrente do estresse, inibe a secreção de hormônios importantes para a lactação, como a oxitocina, reduzindo o fluxo de leite.
Nos bovinos de corte, o estresse causado por transporte inadequado, manejo brusco ou lotação excessiva afeta o ganho de peso e a qualidade da carne. Animais estressados apresentam maior produção de catecolaminas, que promovem a degradação muscular e a redução do rendimento de carcaça.
Impactos do conforto térmico
O conforto térmico é um componente extremamente importante do bem-estar animal. Bovinos, especialmente em regiões tropicais, sofrem com o estresse térmico em períodos de calor intenso. Esse estresse afeta a termorregulação, resultando em menor consumo alimentar e comprometendo o desempenho reprodutivo e produtivo.
Para mitigar esses efeitos, é necessário investir em sistemas de sombreamento, ventilação e aspersão de água em instalações. Em sistemas de pasto, a presença de árvores e/ou sombrites artificiais para sombra e o acesso constante a água de qualidade ajudam a reduzir os impactos do calor.
Saúde e manejo: base para o bem-estar
Animais saudáveis são mais produtivos. Estratégias de manejo, como vacinação preventiva, controle de ecto e endoparasitas e nutrição balanceada, são essenciais para garantir a saúde do rebanho.
No caso das vacas leiteiras, camas limpas e secas evitam problemas como mastite ambiental e promovem maior conforto às vacas, enquanto corredores bem projetados minimizam o risco de lesões. Para bovinos de corte, o transporte em veículos adequados e o uso de práticas de manejo humanitário no curral reduzem lesões e estresse, garantindo um abate com melhor qualidade de carne.
Comportamento e enriquecimento ambiental
A liberdade de expressar comportamentos naturais melhora o bem-estar e reduz problemas comportamentais. Áreas de descanso adequadas e espaços amplos para locomoção refletem positivamente na produção de leite e no ganho de peso dos animais. O enriquecimento ambiental, como bolas, uso de arbustos para sombra e organização dos piquetes, também aumenta o conforto e o desempenho dos animais.
Bem-estar animal como diferencial de mercado
Além dos impactos produtivos, o bem-estar animal é cada vez mais valorizado pelo mercado consumidor. Programas de certificação e bonificação têm sido implementados por frigoríficos e laticínios, recompensando os produtores que adotam práticas sustentáveis e éticas.
Empresas que priorizam o bem-estar animal atendem às exigências de exportação para mercados rigorosos e têm maior chance de fidelizar clientes conscientes.
O bem-estar animal não é apenas uma questão ética, mas um investimento estratégico para a pecuária de corte e leite. Garantir conforto, saúde e boas condições de manejo não só melhora o desempenho do rebanho, mas também atende às exigências de um mercado cada vez mais preocupado com práticas sustentáveis.
Produtores que priorizam o bem-estar colhem os frutos em forma de maior rentabilidade, qualidade do produto e reconhecimento no mercado. O futuro da pecuária está diretamente ligado ao compromisso com a saúde e o bem-estar dos animais.
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Autor:
Eduarda Viana
Zootecnista
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