Com um bom planejamento, o diferimento de pastagens se torna uma alternativa viável para garantir alimento ao rebanho na época mais desafiadora do ano
O planejamento alimentar do rebanho é um dos pilares da pecuária eficiente, especialmente porque as pastagens – base da alimentação dos bovinos – sofrem com a estacionalidade. Durante o período seco, fatores como temperatura, pluviosidade e radiação solar reduzem drasticamente o crescimento das forrageiras, dificultando a nutrição adequada dos animais.
Para minimizar os impactos dessa escassez e evitar a perda de peso do rebanho, o diferimento de pastagens surge como uma estratégia essencial de manejo. Essa técnica permite que o produtor tenha alimento disponível na época mais crítica do ano, garantindo a manutenção da produção e reduzindo os custos com suplementação.
O que é o diferimento de pastagens?
O diferimento consiste em escolher uma área da propriedade, vedá-la e permitir que a vegetação cresça livremente, sem pastejo, durante um período. O objetivo é formar um estoque natural de forragem que será utilizado na entressafra, quando o crescimento das plantas forrageiras é limitado.
Dessa forma, ao invés de depender exclusivamente de volumosos conservados ou ração, o produtor pode aproveitar melhor os recursos disponíveis na fazenda, otimizando a nutrição do rebanho.
Como fazer o diferimento?
Para que essa estratégia seja eficiente, alguns fatores precisam ser considerados:
- Manejo da área antes do diferimento
O estado da pastagem antes da vedação tem impacto direto na qualidade da forragem disponível na época seca. O ideal é realizar um pastejo controlado antes do fechamento da área, permitindo que as folhas mais velhas sejam removidas e que a rebrota tenha maior vigor e valor nutricional.
No entanto, é fundamental equilibrar a retirada da forragem. Um superpastejo pode comprometer a capacidade da planta de rebrotar, enquanto um pastejo leve demais pode resultar em acúmulo de material de baixa qualidade.
- Escolha da forrageira adequada
Algumas espécies forrageiras são mais indicadas para o diferimento, pois mantêm melhor a qualidade nutricional ao longo do tempo. As mais utilizadas são as do gênero Brachiaria e Cynodon, devido ao seu hábito de crescimento mais prostrado e à maior proporção de folhas em relação ao caule.
Isso é importante porque as folhas têm maior valor nutritivo que os caules, favorecendo o consumo e aproveitamento pelos animais.
- Época de vedação
O momento certo para iniciar o diferimento depende de fatores como fertilidade do solo, regime de chuvas e manejo adotado. Para obter melhores resultados, uma boa estratégia é dividir a área em diferentes períodos de vedação. Por exemplo, se uma parte do pasto for vedada em fevereiro e outra em março, o produtor poderá utilizar a primeira área nos meses de junho e julho e a segunda em agosto e setembro. Isso garante uma oferta de forragem escalonada e evita que o pasto diferido fique muito fibroso e de baixa qualidade.
- Estratégia nutricional complementar
Embora o diferimento garanta quantidade de forragem, a qualidade nutricional das pastagens pode ser reduzida ao longo do tempo. Isso ocorre porque, à medida que a forrageira amadurece, há um aumento da fibra e redução do teor proteico.
Por isso, é essencial adotar uma suplementação estratégica, especialmente com fontes de proteína, para manter um bom desempenho dos animais e evitar quedas na produtividade.
Vantagens do diferimento de pastagens
✔ Redução de custos: minimiza a necessidade de volumosos conservados e ração no período seco
✔ Melhor aproveitamento dos recursos naturais: mantém a alimentação à base de pasto
✔ Facilidade de implantação: técnica simples e de baixo custo
✔ Manutenção do peso do rebanho: evita perdas produtivas na seca
Com um bom planejamento, o diferimento de pastagens se torna uma alternativa viável para garantir alimento ao rebanho na época mais desafiadora do ano. Quer implantar essa estratégia na sua fazenda? Comece agora a planejar a vedação das suas áreas e garanta melhores resultados!
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Autor:
Eduarda Viana
Zootecnista
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