O LINA é a sigla do leite instável não ácido, que coagula no teste do álcool e é rejeitado pela indústria, causando grandes prejuízos para a cadeia do leite.
A qualidade do leite e a sua estabilidade térmica são características de suma importância para a indústria, pois garantem que o leite poderá ser processado em condições adequadas e chegar com qualidade ao consumidor.
Para avaliar se o leite possui essas condições, a indústria realiza o teste do álcool ou teste do alizarol. Ele é feito pelo transportador de leite no momento da coleta na fazenda, onde se avalia duas características importantes, a acidez e a estabilidade térmica.
A acidez é avaliada através da mudança de coloração da solução e a estabilidade através da formação ou não de coágulos (grumos). Espera-se que o leite não apresente grumos e que a cor da solução seja vermelho tijolo, indicando que o carregamento do leite poderá ser feito pelo transportador.
Como o álcool mede a estabilidade do leite?
O leite é composto por glóbulos de gordura, caseínas em suspensão, minerais, vitaminas e lactose, que ficam em equilíbrio de acordo com o pH do leite. O que permite que o leite seja aquecido e processado corretamente é a estabilidade das caseínas, que devem ser manter equilibradas.
Quando o álcool é adicionado ao leite ele desidrata as micelas de caseína e reduz as cargas negativas dos íons presentes. Com isso as caseínas se aproximam dentro da micela, e se essa aproximação for muito grande, ocorre a formação do coágulo. As caseínas que se mostram estáveis ao teste do álcool também se mostram estáveis durante o aquecimento na indústria, por isso esse teste é tão importante, pois a estabilidade do leite afeta toda a cadeia láctea.
Composição do LINA
A composição do leite LINA não é muito diferente do leite estável. As diferenças mais comuns que foram encontradas foi o menor teor de lactose e maior teor de cálcio iônico no LINA. Ou seja, é um leite saudável que pode ser utilizado para fabricar iogurtes, queijos e bebidas lácteas, apesar de haver uma perda de rendimento na fabricação de queijos.
Prejuízos para o setor
Apesar de poder ser utilizado para fabricar alguns derivados, se o leite do produtor é rejeitado no teste do álcool/alizarol no momento que o transportador faz a análise, ele não é coletado, e o produtor não receberá o valor correspondente àquele volume, ficando com o prejuízo.
A indústria não recebe este leite porque há receio dele comprometer a produção. Com isso há um menor aporte de matéria-prima e a programação de produção pode ser afetada.
Mas o que causa o LINA?
Os pesquisadores não sabem ao certo quais são as causas, mas vários estudos apontam alguns fatores que reduzem a estabilidade do leite. São eles:
- Restrição alimentar e deficiências nutricionais: quando há mudança brusca na dieta, como na época da seca onde a qualidade da forragem diminui muito, ou quando o produtor retira o concentrado da dieta, ocorre um aumento da instabilidade do leite, além da redução da produção. Também há o aumento da produção de cortisol, hormônio relacionado ao estresse que altera a composição do leite, influenciando nos teores de sódio, alterando o equilíbrio iônico e diminuindo a estabilidade.
- Distúrbios metabólicos: doenças como acidose e cetose, além de reduzirem a produção, também promovem o aumento da instabilidade do leite.
- Estádio de lactação: no início da lactação, entre 1 a 5 dias (colostro e leite de transição), o leite tem baixa estabilidade, e ao final da lactação, acima de 270 dias, há aumento de cálcio iônico no leite, que é um grande agente desestabilizante.
- Estresse térmico: causa o aumento de cortisol, que reduz a estabilidade.
Como prevenir o aparecimento de LINA?
Por ser uma condição com várias causas e possuir grande variação entre os produtores, época do ano e até dentro do próprio rebanho, a melhor forma de evitar o seu aparecimento é cuidar da alimentação dos animais, fornecendo dietas que atendam suas exigências nutricionais e que não causem doenças como acidose. Além disso, é muto importante promover conforto térmico para as vacas, pois o estresse térmico está relacionado a inúmeros prejuízos na atividade leiteira.
Por isso, cuide do seu rebanho e evite prejuízos com o LINA!
Bibliografias consultadas:
-LINA: um problema de qualidade ou manejo? Educapoint. Disponível em https://www.educapoint.com.br/curso/pecuaria-leite/lina/
-LINA: um leite saudável, mas de má aparência. Revista Leite Integral. Disponível em http://www.revistaleiteintegral.com.br/noticia/lina-um-leite-saudavel-mas-de-ma-aparencia
-LINA: Leite instável não ácido. Comunicado Técnico 356. Embrapa. Disponível em https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/184058/1/COMUNICADO-TECNICO-356.pdf
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Autora:
Eduarda Pereira Viana
Zootecnista pela Universidade Federal de Viçosa com grande experiência em qualidade do leite, tendo atuado por mais de 9 anos junto aos produtores de variadas regiões do país.
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