O leite orgânico é aquele produzido sem a utilização de defensivos químicos, adubos, fertilizantes, transgênicos e medicamentos alopáticos
A produção de leite orgânico, que atende um público bem restrito e específico, vem crescendo no Brasil, impulsionada pelas demandas de consumidores mais exigentes que buscam um produto saudável, certificado e que cause o menor impacto possível ao meio ambiente.
Neste tipo de sistema de produção a saúde de todos os envolvidos na cadeia produtiva é considerada como um todo, não somente dos consumidores, mas também dos produtores, colaboradores, das vacas, da propriedade e do meio ambiente. Vamos entender um pouco mais como este sistema funciona ao longo do texto.
O que é o leite orgânico?
De forma resumida, o leite orgânico é aquele produzido sem a utilização de defensivos químicos, adubos, fertilizantes, transgênicos e medicamentos alopáticos.
A legislação vigente que estabelece o regulamento da produção de leite orgânico é Instrução normativa 46, de 6 de outubro de 2011 (MAPA). Nela consta as substâncias e práticas que são permitidas neste tipo de sistema de produção.
Confira alguns critérios para a produção de leite orgânico:
- Pastagens e alimentação dos animais:
Os animais não podem ser criados em sistema 100% confinados; devem receber uma alimentação livre de alimentos transgênicos; as pastagens devem ser livres de defensivos agrícolas e fertilizantes; não pode utilizar compostos nitrogenados não proteicos na dieta; o uso de suplementos minerais e vitamínicos deve ocorrer de tal forma que os componentes não apresentem resíduos contaminantes acima do permitido; deve ser realizado a rotação de culturas ou consórcio nas pastagens.
- Tratamento de doenças:
No sistema orgânico são permitidos apenas tratamentos homeopáticos e fitoterápicos, seja para o tratamento e doenças ou controle de endo e ectoparasitas. O uso de medicamentos alopáticos só é permitido quando o animal estiver em sofrimento ou houver risco de morte, sendo o máximo duas vezes ao ano. O animal deve ser identificado e separado do rebanho e o período de carência deverá ser o dobro do que consta na bula indicado pelo fabricante.
Já a aplicação de vacinas é permitida, de acordo com o calendário da região.
- Reprodução
Com relação à reprodução a inseminação artificial é permitida, contanto que o sêmen utilizado seja de um touro criado em sistema orgânico. O melhoramento do rebanho deve ser feito com base na adaptabilidade dos animais às condições do local de criação, optando por animais mais resistentes ao calor e ectoparasitas.
Como implantar o sistema orgânico?
Para implantar o sistema de produção orgânico é necessário fazer a conversão do sistema tradicional para o orgânico, que dura cerca de 18 meses.
Durante este tempo, aproximadamente 12 meses são destinados à conversão das pastagens, que não devem receber nenhum tipo de fertilizante químico ou defensivo agrícola. Já a conversão dos animais demora cerca de 6 meses, podendo receber somente 15% da ingestão de matéria seca composta por alimentos convencionais, contanto que não haja transgênicos na sua composição.
Após a conversão, é necessário contratar uma empresa especializada e credenciada pelo MAPA para fazer a certificação da propriedade, para que o produtor receba o selo comprovando a produção orgânica. Essas empresas realizam auditorias que atestam que o leite foi produzido de acordo com as normas da produção orgânica, sendo uma forma de garantir ao consumidor a idoneidade do produto.
A produção de leite orgânico possui muitos desafios, relacionados principalmente à alimentação dos animais, visto que a obtenção de matéria-prima orgânica não é fácil e possui alto custo. A assistência técnica precisa ser especializada, para orientar o produtor em todos os aspectos da produção. O custo de produção é alto, porém o preço pago pelo leite também é maior do que aquele recebido pelos produtores convencionais. Mas não podemos esquecer que apenas o preço não garante uma boa rentabilidade, é preciso gerenciar toda a atividade.
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Autor:
Eduarda Viana
Zootecnista, criadora do perfil @dicasdazootecnista no Instagram.
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