O preço da carne é influenciado por uma combinação de fatores econômicos, climáticos e de mercado
Nos últimos anos, os preços da carne têm sido uma das maiores preocupações do consumidor brasileiro. Para entender o motivo desse aumento, é preciso olhar para a cadeia produtiva e o funcionamento do mercado pecuário. Por trás do preço elevado, há uma série de fatores que influenciam o custo da carne, desde o ciclo natural da pecuária até as incertezas econômicas e climáticas.
O que é o ciclo pecuário?
A pecuária de corte funciona em ciclos, que são movimentos naturais de aumento e redução na oferta de gado, influenciando diretamente os preços da carne. Esse ciclo é dividido em três fases principais:
- Retenção de fêmeas: quando os pecuaristas percebem que o preço da arroba está subindo, eles seguram mais matrizes para reprodução, reduzindo a quantidade de animais destinados ao abate. Isso leva à queda na oferta de carne e ao aumento dos preços.
- Expansão do rebanho: durante essa fase, com mais bezerros sendo criados, a oferta futura de gado aumenta, mas o impacto nos preços só é percebido após alguns anos.
- Abate em massa: quando o mercado está saturado e os custos de produção aumentam, os pecuaristas tendem a abater mais animais, gerando queda nos preços.
Esse ciclo pode durar de 5 a 7 anos e está diretamente ligado à dinâmica da oferta e demanda. Atualmente, estamos em um momento de recuperação de preços, o que contribui para os valores altos da carne.
As incertezas do mercado brasileiro
Além do ciclo pecuário, fatores externos e internos também complicam o cenário. Entre eles, destacam-se:
- Exportações em alta: o Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo, e a demanda de mercados como China e Estados Unidos influencia diretamente os preços internos. Quando há grande procura externa, a oferta para o mercado interno diminui.
- Instabilidade econômica: inflação, variações cambiais e incertezas políticas afetam o poder de compra do brasileiro e criam um ambiente menos previsível para os produtores.
- Fatores climáticos: períodos de seca prolongada, como os causados pelo fenômeno El Niño, e também desastres naturais como queimadas, afetam pastagens e, consequentemente, o custo da produção.
O impacto para o consumidor
O preço elevado da carne reflete uma combinação de menor oferta, maior demanda e aumento nos custos ao longo da cadeia produtiva. Isso faz com que cortes populares fiquem mais caros, reduzindo o consumo e forçando muitas famílias a buscarem alternativas, como carnes de frango, suína ou até fontes vegetais de proteína.
Para o pecuarista, a chave está no planejamento e na gestão eficiente. Algumas estratégias incluem:
- Investir em tecnologia: melhorar o manejo e a nutrição do rebanho pode aumentar a produtividade mesmo em períodos de alta nos custos.
- Diversificar a produção: a integração lavoura-pecuária, por exemplo, ajuda a reduzir os impactos de eventos climáticos e otimizar a utilização da propriedade.
- Monitorar o mercado: acompanhar tendências e demandas, tanto no mercado interno quanto externo, ajuda a tomar decisões mais assertivas.
O preço da carne é influenciado por uma combinação de fatores econômicos, climáticos e de mercado. Para o consumidor, resta adaptar-se a um cenário em constante mudança. Para o pecuarista, é essencial investir em eficiência e se preparar para os altos e baixos do ciclo pecuário. Assim, é possível garantir a sustentabilidade do negócio e continuar atendendo à demanda, mesmo diante dos desafios.
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Autor:
Eduarda Viana
Zootecnista
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