Saiba como o uso da ureia pode reduzir o custo com a alimentação e melhorar a rentabilidade do produtor

 

A ureia é um composto nitrogenado não protéico de cor branca e solúvel em água e álcool, sendo classificada quimicamente como amida e a sua utilização na alimentação de bovinos ocorreu pela primeira vez em meados de 1914, na Alemanha. Ela não é classificada como proteína por não apresentar aminoácidos ligados por ligações peptídicas em sua estrutura (Maynard et al, 1984).

Desde então, tem sido utilizada na dieta de bovinos por dois motivos: adequar o fornecimento de PDR (proteína degradável no rúmen) e reduzir o custo com suplementação proteica. Por ser uma fonte relativamente barata de nitrogênio não proteico, o uso da ureia pode reduzir a quantidade de farelo de soja ou outra fonte proteica utilizada na dieta, reduzindo assim o custo com a alimentação do rebanho.

Estima-se que o fornecimento de 100 gramas de ureia equivale a produção de 280 gramas de proteína microbiana, devido à alta concentração de nitrogênio que ela possui, cerca de 45%. O uso de ureia apresenta algumas vantagens, como:

  • É uma tecnologia de baixo custo e acessível a qualquer produtor;
  • Fonte de nitrogênio não proteico de baixo custo;
  • Reduz a perda de peso e produção de leite na época da seca;
  • Mantém e/ou estimula a produção de leite;
  • Reduz o custo com a alimentação, reduzindo assim o custo de produção.
Ureia

Entendendo o metabolismo da ureia dentro do organismo dos bovinos

Quando a ureia chega ao rúmen ela é rapidamente solubilizada e se transforma em amônia (NH3). Esta amônia é utilizada pelos microrganismos que degradam a celulose e a hemicelulose como fonte de nitrogênio para produção de proteína microbiana. Os microrganismos que degradam amido, pectina e açúcares e possuem crescimento mais rápido podem utilizar tanto amônia quanto aminoácidos como fonte de nitrogênio. Portanto, o fornecimento de ureia favorece o crescimento de diferentes tipos de microrganismos ruminais.

A amônia não utilizada para a síntese de proteína microbiana é absorvida pela parede ruminal e transportada para o fígado através da veia porta, pois sua forma livre é tóxica para o animal. No fígado será convertida a ureia novamente, a chamada de ureia endógena. Esta ureia terá os seguintes destinos: uma parte voltará ao rúmen, outra alcançará a saliva e outra parte será excretada na urina ou no leite. Este processo é conhecido como ciclo da ureia.

Mas atenção: a ureia é altamente tóxica e pode levar os bovinos à morte em pouco tempo se for mal utilizada. Quando grandes quantidades de ureia são fornecidas aos animais ocorre acúmulo de amônia no rúmen, que eleva o pH ruminal e favorece uma maior absorção de amônia, excedendo a capacidade detoxificadora do fígado e tamponante do sangue.

A quantidade de ureia necessária para causar intoxicação depende de vários fatores, principalmente da velocidade de consumo, pH do rúmen e grau de adaptação do animal.

Os sintomas mais frequentes de intoxicação por ureia são:

-Agitação;

-Falta de coordenação;

-Intensa salivação;

-Respiração ofegante;

-Tremores musculares;

-Micção e defecação constantes;

-Avançado estágio de timpanismo.

Em caso de intoxicação é recomendado o fornecimento via sonda de 2 a 3 litros de vinagre (ácido acético), logo no aparecimento dos primeiros sintomas. O vinagre promove queda no pH do rúmen, reduzindo a absorção de amônia.

Para evitar quadros de intoxicação é imprescindível que os animais passem por uma fase de adaptação da dieta, que dura em torno de 14 dias, onde as doses de ureia são fornecidas em menores quantidades, para que os microrganismos ruminais consigam se adaptar às novas condições do ambiente ruminal.

Outras recomendações para se evitar a intoxicação são:

  • Limitar em até 5% de ureia no concentrado quando este for fornecido separadamente do volumoso;
  • Após a adaptação, limitar o fornecimento de ureia a 30 gramas/100 kg de peso do animal/dia, não excedendo o limite de 200g/animal/dia;
  • Misturar uniformemente a ureia com a ração;
  • Fornecer o suplemento em cochos cobertos.

A ureia é uma aliada do produtor rural quando é bem utilizada. Seguindo corretamente as recomendações, o produtor só tem a ganhar, pois a ureia é uma alternativa mais barata e viável para ser utilizada na pecuária leiteira. E lembre-se: utilize apenas ureia pecuária para fornecer aos animais.

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Autor:

Eduarda - Autora do conteúdo Controle estratégico de carrapatos

Eduarda Viana

Zootecnista, criadora do perfil @dicasdazootecnista no Instagram.

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