O uso racional de antimicrobianos na pecuária leiteira é uma questão de responsabilidade e sustentabilidade
A pecuária leiteira desempenha um papel fundamental na economia brasileira, sendo uma das principais atividades do agronegócio. No entanto, a saúde do rebanho e a qualidade do leite são desafios constantes, principalmente no que diz respeito ao controle de doenças e uso de medicamentos. Nesse contexto, o uso de antimicrobianos tem sido uma prática comum, mas o seu uso inadequado pode gerar sérias consequências para a saúde animal, humana e para a sustentabilidade da produção.
O problema do uso indevido de antimicrobianos
Os antimicrobianos são substâncias essenciais no combate a infecções bacterianas, mas o seu uso indiscriminado pode levar ao desenvolvimento de resistência bacteriana. Esse fenômeno ocorre quando as bactérias se tornam resistentes aos medicamentos, tornando as infecções mais difíceis de tratar. Na pecuária leiteira, o uso excessivo ou inadequado de antimicrobianos, especialmente nos casos de mastite, contribui para essa resistência.
A resistência antimicrobiana não afeta apenas os animais, mas também representa um risco significativo para a saúde pública. Resíduos de antimicrobianos podem estar presentes no leite, e a ingestão por humanos pode levar ao desenvolvimento de alergias e de bactérias resistentes, tornando tratamentos médicos menos eficazes.
Princípios para o uso racional de antimicrobianos
O uso racional de antimicrobianos envolve a aplicação de medidas que garantam a eficácia dos tratamentos ao mesmo tempo em que se minimiza o risco de desenvolvimento de resistência. Para isso é necessário devem adotar algumas práticas essenciais:
- Diagnóstico preciso: antes de qualquer tratamento, é fundamental realizar um diagnóstico correto da doença. Nem todas as infecções requerem o uso de antimicrobianos, e um diagnóstico inadequado pode levar ao uso desnecessário. Isso é especialmente importante nos casos de mastite, pois nem toda mastite necessita de tratamento com antimicrobianos.
- Uso de antimicrobianos específicos: sempre que possível, deve-se utilizar antimicrobianos que são específicos para o tipo de bactéria causadora da infecção. Isso ajuda a preservar a eficácia dos medicamentos.
- Seguir rigorosamente as recomendações veterinárias: a prescrição de antimicrobianos deve ser feita por um médico veterinário, que determinará a dose correta, a duração do tratamento e o período de carência, que é o tempo necessário para que os resíduos do medicamento sejam eliminados do leite.
- Educação e capacitação: investir na capacitação dos trabalhadores da fazenda em práticas de manejo e prevenção de doenças pode reduzir significativamente a necessidade de antimicrobianos. A higiene na ordenha, a vacinação, e o manejo nutricional adequado são exemplos de práticas que diminuem a incidência de infecções.
- Monitoramento e registro: manter registros detalhados dos tratamentos antimicrobianos realizados é fundamental. Isso permite o monitoramento da eficácia dos tratamentos e ajuda na tomada de decisões futuras, além de ser uma prática recomendada para auditorias de qualidade.
Benefícios do uso racional
Adotar práticas de uso racional de antimicrobianos traz inúmeros benefícios para a pecuária leiteira. A principal vantagem é a preservação da saúde do rebanho, com a redução de casos de resistência antimicrobiana. Além disso, melhora-se a qualidade do leite produzido, o que é essencial para manter a confiança dos consumidores e para atender às exigências do mercado, tanto nacional quanto internacional.
Outra vantagem significativa é a redução de custos com tratamentos, uma vez que o manejo adequado e a prevenção de doenças podem diminuir a necessidade de intervenções medicamentosas. Além disso, a prática de um uso responsável dos antimicrobianos pode abrir portas para certificações de qualidade, agregando valor ao produto final.
O uso racional de antimicrobianos na pecuária leiteira é uma questão de responsabilidade e sustentabilidade. Adotar uma abordagem consciente no uso de medicamentos é, sem dúvida, um investimento no futuro da pecuária leiteira e na qualidade do leite brasileiro.
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Autor:
Eduarda Viana
Zootecnista
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