Produtos corretos, aplicados adequadamente, são capazes de transformar completamente o perfil de qualidade do leite produzido
A qualidade do leite que chega ao tanque começa a ser definida muito antes da ordenha propriamente dita. Entre os fatores que mais impactam essa qualidade, poucos são tão decisivos quanto a escolha e aplicação correta dos produtos de pré e pós-dipping. Esses dois procedimentos aparentemente simples são, na verdade, pilares fundamentais para garantir leite com baixa contagem de células somáticas, livre de resíduos e com a qualidade microbiológica que o mercado exige.
O que são pré e pós-dipping e por que são essenciais
O pré-dipping é a aplicação de uma solução desinfetante nos tetos antes da ordenha, com o objetivo de eliminar microrganismos presentes na superfície. Já o pós-dipping acontece imediatamente após a retirada das teteiras e tem como função proteger o canal do teto contra a entrada de bactérias até que o esfíncter se feche completamente.
A importância da desinfecção prévia
Durante o intervalo entre ordenhas, os tetos das vacas ficam expostos ao ambiente, acumulando sujidades, microrganismos e potenciais contaminantes. O pré-dipping remove essa carga microbiana inicial, evitando que bactérias sejam “empurradas” para dentro do úbere durante a ordenha.
Características do produto ideal para pré-dipping
Um bom produto de pré-dipping deve apresentar:
- Ação germicida rápida: Capacidade de eliminar microrganismos em até 30 segundos de contato
- Baixa irritabilidade: Não deve causar ressecamento ou lesões nos tetos
- Estabilidade: Manter eficácia mesmo com variações de temperatura e umidade
- Facilidade de remoção: Permitir limpeza completa antes da colocação das teteiras
Pós-dipping: proteção após a ordenha
Após a retirada das teteiras, o esfíncter do teto permanece parcialmente aberto por 30 a 60 minutos, criando uma “janela de vulnerabilidade” para entrada de microrganismos. O pós-dipping cria uma barreira protetiva nesse período crítico.
Características essenciais do pós-dipping
- Formação de filme protetor: Deve aderir ao teto e formar uma barreira física contra contaminação
- Ação germicida residual: Manter atividade antimicrobiana por período prolongado
- Propriedades emolientes: Hidratar e proteger a pele dos tetos
- Secagem adequada: Não deve permanecer úmido por tempo excessivo
Impactos na qualidade microbiológica
- Contagem Bacteriana Total (CBT)
A CBT reflete diretamente a higiene durante a ordenha. Propriedades com protocolos adequados de pré e pós-dipping tendem a manter a CBT mais baixa.
- Contagem de Células Somáticas (CCS)
Embora a CCS seja influenciada principalmente pela mastite, o uso correto de dipping reduz significativamente novas infecções. Propriedades com bom protocolo de dipping apresentam CCS 30% a 40% menores que aquelas com falhas no processo.
Impacto econômico da escolha correta
Redução de descontos por qualidade
Leite com melhor qualidade microbiológica e menor CCS recebe bonificações que podem representar 10% a 20% a mais no preço pago.
Menor incidência de mastite
Protocolos adequados de dipping reduzem a incidência de mastite clínica e subclínica, diminuindo custos com tratamentos, descarte de leite e perda de produção.
Aumento da vida útil produtiva
Vacas em rebanhos com bom manejo de ordenha permanecem produtivas por mais lactações, reduzindo custos de reposição e aumentando o retorno do investimento genético.
A escolha adequada dos produtos de pré e pós-dipping não é apenas uma questão técnica, mas um investimento estratégico na qualidade e rentabilidade da atividade leiteira. Produtos corretos, aplicados adequadamente, são capazes de transformar completamente o perfil de qualidade do leite produzido.
O mercado atual premia a qualidade e penaliza a falta dela. Propriedades que investem em protocolos rigorosos de dipping não apenas evitam descontos, mas conquistam bonificações significativas que rapidamente compensam os investimentos realizados.
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Autor:
Eduarda Viana
Zootecnista
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